Eu imagino o trabalho que dava descobrir bandas realmente novas antes da era da internet. O trabalho que dava encontrar álbuns obscuros, ler fanzines parcamente editados e se meter nos maiores buracos para poder ouvir banda x tocar ao vivo. Isso se você morasse em algum grande centro, pois acho que essas coisas nem chegavam a Belém do Pará (Eu to falando de rock, pelo amor de Deus não vai me achar que to dizendo que Belém não produz cultura!)
Nessa época, o “alternativo” era um herói desbravador. Algumas músicas, menos vendáveis às rádios, eram muito restritas aos já iniciados. Você tinha um certo grupo de pessoas e estes iam somando informações entre si. As tais das tribos, julgo eu.
Hoje é diferente. Vivemos numa era mágica onde você escuta uma musica, gosta, decora a melhor frase do refrão, joga no google, descobre o nome da musica e a banda e pimba, pode baixar a discografia completa dos caras para ver se essa é mesmo a sua vibe. É o fim do sofrimento, do obscurantismo. Não há mais o teor “herói” em não ouvir as musicas que tocam na rádio, só o teor “bom senso”.
Muitas pessoas não se conformam com essa facilidade toda. Tem gente que gostaria de estar na tal posição de desbravador das bandas independentes. E pra essas pessoas resta a eterna busca por novas bandas, e a freqüente decepção de perceber que algo que lhe apetece tornou-se mais popular. Pra esses caras restou a reclamação de que tal banda “virou modinha” ou que “os novos fãs são uma merda.”
Eu me considero mais generosa com o meu repertório cultural. Eu gostaria de ver o que considero bom disseminado. Por isso me atrevo a escrever um pouquinho sobre musica nesse blog que ninguém lê. E por isso estou sempre bem disposta a enviar uma musica via msn para alguém.
Eu tenho muitos amigos que ficam putos quando determinada banda toca em um filme, uma série de tv ou até mesmo na rádio. “Como assim eu gastei sei lá quantos dólares para comprar a discografia dessa banda, que só vende em 3 países da Europa oriental que ainda não aderiram ao euro, e agora está tocando na novela!!!” Juro que não entendo isso. Pra mm, música boa é música boa e sempre vai ter espaço no meu hd, mesmo que toque no programa do Raul Gil!
P.S: Meu conceito de música boa é esquizofrênico!
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