quarta-feira, 13 de abril de 2011

Felicidade repentina, sem motivo razão ou plausibilidade biológica.


Eu não perco essa mania de pensar na vida com 10 anos de antecedência.
Sobre o dia de hoje, eu só consigo pensar a respeito dele nos seguintes termos: Como vou lembra-lo quando tudo isso estiver longe. Vou lembrar da alegria épica que senti quando a professora anunciou que a prova seria em dupla. Vou lembrar do citocromo P450 e suas enzimas (que ninguém estudou). Vou lembrar que todo mundo sabia quais eram as reações de 1ª tipo, mas que ninguém se lembrou de estudar as de 2ª. Lembrarei que até a professora passou cola! Mas, acima de tudo, vou me lembrar do quão feliz me senti por estar fazendo uma prova anormalmente longa de fármaco, em uma semana especialmente escrota na UEPA.
Eu sei que sou uma pessoa estranha demais, porque vejo alegria onde não tem. Porque as vezes eu amo a minha vida tão loucamente que vejo poesia numa prova, numa quarta-feira chuvosa.
Eu não sei se as pessoas conseguem alcançar meu estado de espírito. É melhor estar viva e enrolada com as coisas normais da vida do que estar apática, olhando a vida acontecer à distância. Hoje eu estou feliz porque várias vezes pensei em desistir, mas segui adiante. E, ao seguir, vi as coisas se encaixarem, se não da maneira ideal, pelo menos do jeito que deu.
Não tenho pretensão de que alguém entenda meus motivos. Há muito já me conformei que bato ponto no clube das pessoas loucas. Mas, se algum dia você acordar com o humor tão bom a ponto de querer sorrir até pro azar, então porque não sorrir?? Afinal, se tem algo que eu já aprendi sobre a vida até aqui e que, em alguns dias, você é feliz, em outros, você não é. Simples assim. Cruel até.

domingo, 3 de abril de 2011

Hoje eu to com MUITA saudade do meu pai. Definitivamente não é o melhor dia pra estudar Insuficiência Cardíaca.
Hoje é aniversário do papai. E essa tríade medicina/pai/orfandade sempre mexeu muito comigo, e eu nunca fiz muita questão de esconder. E como se eu tivesse passado a vida inteira jogando pra fazer um gol pra uma pessoa, e na hora que consegui marcar, a pessoa não tava mais pra ver. Esse tipo de frustração você carrega a vida inteira, não tem jeito.
E esse processo todo de descobrir um motivo pra fazer as coisas por mim mesma, de tentar saber se é isso mesmo de fato e depois aceitar que sim, é isso mesmo e que é por mim e não por ninguém mais... Esse longo processo todo que eu tenho passado nos últimos 5 anos da minha vida... Tem sido um saco!
Eu nunca pensei que fosse me tornar uma pessoa tão complicada justamente logo depois de ter conseguido o que eu quis a vida inteira. Mas aconteceu, né. É a minha história e tal e coisa. As vezes eu fico muito puta das coisas terem acontecido da forma como foram. Às vezes eu queria que as coisas tivessem sido, se não simples, ao menos não tão traumáticas. Eu queria estar onde eu devia estar, não onde eu to! Porém reclamar não vai mudar nada, ficar se lamentando é perda de tempo. Finalmente eu aprendi isso, depois de ter perdido todo o tempo que eu dispunha pra perder.
Irônico isso, logo eu que sempre vi a vida em prazos e metas, que sempre via as coisas na minha vida com 10 anos de antecedência, que me desesperava com as coisas, com o tempo. Agora tô aqui tentando aceitar que a vida é mais flexível do que minha sabedoria de menina de 16 anos supunha.
Eu reconheço que aprendi algumas coisas legais no processo. Aprendi a me soltar, a me importar menos (isso é um aprendizado contínuo, diga-se de passagem), aprendi a erguer a cabeça e seguir em frente quando as coisas não saem como eu queria, e isso pra mim é muito importante porque antigamente eu me acovardava diante da vida que nem uma tartaruga! Mas essas coisas eu aprendi na marra, apanhando de todos os lados. E sim, eu tenho ressentimentos quanto a todo esse processo, eu tenho saudades dos meus planos redondos. Pergunto-me como seria a vida se tudo tivesse dado certo até aqui. Esses momentos são rápidos, até porque, como já disse, não adianta perder tempo se lamentando. Mas eles existem e não são agradáveis.
Engraçado que eu tenho a impressão de que vi a vida toda que eu tinha vivido até então desmoronar diante de mim. E não foram coisas concretas, não foi a minha casa que caiu ou alguma tragédia natural, foram coisas abstratas, e essas coisas são complicadas de lidar.
E aqui estou eu, reconstruindo tijolinho por tijolinho. Tentando conciliar tudo que eu aprendi nesse tempo, tudo que mudou em mim, com as coisas que eu ainda quero que dêem certo. E nem sempre as coisas dão certo, e às vezes eu me frustro tremendamente.
Se eu tivesse simplesmente mudado e seguido outros rumos, teria sido muito mais fácil pros outros compreenderem as coisas. Teria sido mais fácil reconstruir com coisas novas! Mas essa coisa toda de mudar tanto, pra descobrir-se querendo ainda as mesmas coisas de antes, e ter que recomeçar tudinho com passinho de formiguinha, isso é complicado e de difícil assimilação. E como se não bastasse eu me sentir perdida simplesmente por conta da situação onde me encontro, ainda me sinto profundamente incompreendida.
Desabafo de uma pessoa meio desesperada e estressada com as coisas. Mas, pra fechar com uma coisa otimista eu digo com tranqüilidade que as coisas já melhoraram uns 75%, 80%. E a vida é assim mesmo, seguindo em frente.