sexta-feira, 3 de abril de 2009

3 de abril

Estranho pensar a respeito de meus pais, pois tenho consciência da mudança que a chegada dos filhos causa na vida de um ser humano. Portanto, papai e mamãe que conheci são pessoas profundamente influenciadas pela minha presença no mundo, e eu nunca os conhecerei longe de tal contexto.
Sobre essa realidade, eu sinto uma inveja de todos aqueles que conheceram meu pai antes de mim. De todos os amigos, dos meus tios e até da mamãe. Porque eles têm muito mais material de convivência do que eu, com meus apenas 16 anos. Eles conheceram um lado do papai que eu queria muito ter visto. Meu pai jovem, garoto vindo de Macapá pra estudar medicina em Belém, apaixonado pela revolução comunista e tudo e tals. Acho que isso é pura saudade, que me faz querer ter mais coisas para lembrar.
Foi bem legal ser filha de um sujeito como ele. Um sujeito desapegado das formalidades. Um cara que nunca limitou suas conversas com os filhos por questões de idade, ele conversava conosco sobre assuntos cascudos tipo política como se fossemos bem mais velhos. Que nunca nos impediu de sermos seus amigos, apesar de sermos também filhos.
O papai não era um sujeito dado a demonstrações de afeto convencionais. Mas era tão obvio o quanto ele gostava de estar conosco, que eu nunca tive dúvidas de que ele me amava. E eu sinto saudades disso, dessa certeza absoluta. Saudades de meu grande companheiro. Hoje ele estaria completando 50 anos. Parabéns aí velho!

Um comentário:

  1. Muito bonito esse texto, Marta. Singelo e delicado. Corajoso. Parabéns pro teu pai!

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